Em crise
Estava um dia chuvoso como qualquer outro. Meu guarda chuva preto me cobria impedindo que as gotas mergulhassem em meu vestido novo. Ele era lindo, preto, cheio de bordados conforme descia a saia e então um ultimo bordadinho branco no final, um pequeno enchimento no busto para um volume necessário e um laço branco o enfeitando bem no meio. Meu casaco desceu um dos ombros. Minhas botas longas e desgastadas conforme o tempo passava... Tinha ela desde a 4ª série, tão alta que dava mais ou menos 10 cm a mais.
Chegando perto da escola uma tribo de garotos parecia estar fumando, exalando um cheiro extremamente forte se não fosse isso, poderia ser qualquer outra coisa na minha mente.
A escada estava rodeada de meninas com outros garotos espiando e apontando para elas. "Coisa de criança" pensei... “Isso ainda gera filhos”... Certo.
Uma única me interessava no meio de tantas outras. Cabelos loiros e lisos, com um brilho extraordinário cobertos por uma pequena tiara, olhos azuis escuros, um tom aparente de photoshop, uma blusinha rosa e uma saia branca discreta. Segurando seus materiais em cima do joelho enquanto outra segurava o guarda chuva e a ouvia.
Uma mão por cima do meu ombro me assustou um pouco.
- Ma...
- O que?
- Quer?
Ele abriu a mão com um chiclete sabor pimenta, realmente ardido. Eu gostava.
O som do sinal fez com que todos olhassem para a porta em vão. A espera que Dya e Kell saíssem gritando e agitando a todos. Eles não podiam, simplesmente por que eles morreram, lentamente. Primeiro ele, depois ela.
Fui em direção a entrada com o fulano do meu lado, nunca lembraria o nome dele.
Os corredores estavam muitos silenciosos para um dia de aula. Arranjei um armário e guardei minhas coisas.
- Eu sei; - A menina de cabelos loiros cochichou
Olhei em vão, respondendo:
- O que é tão importante?
- Eu sei... - Uma lagrima desceu lentamente pelo rosto dela.
Não mudei minha expressão, já sabia que não seria necessário
- Foi você... - continuou - v. você.
- No laboratório de ciências, no intervalo. Quando ninguém estiver por perto.
Nós duas sabíamos que iria acabar assim, tudo o que aconteceu ia acabar. E nenhuma pessoa teria escolha de mudar.
As apresentações foram rápidas, o intervalo chegou esgueirando-se gentilmente.
Entrei na sala de ciências, escura e sombria, pois a luz havia acabado há uns 20 minutos. Mexi no interruptor, nada.
Não estava com medo, nem nervosa. Apenas soltei:
- V. - Uma mão passou pela minha boca, minha respiração acelerou.
- Xiu, voc. você não vai querer que eu faça o mesmo não é?
Era ela.
- Hmm Hmm - Tentativa de fala. Código Morse?
Fui solta, me apoiei na mesa para respirar. Quase sem ar.
- Eu... Você sabe m...muito bem.- Falei.
A menina se jogou praticamente no chão, começou a chorar, chorar e chorar. Como uma criança sentada, pernas tortas, roupas contornando-a.
Fui para perto ela e a abracei.
Talvez ninguém nunca entenda, era para ser.
- Eu te amo. - Cada palavra foi dita lentamente e em alto bom som.
- Eu... Também. - Soluçando.
Uma onda de dor, como morrer naquele instante era necessário. Pontadas no estomago, como da primeira vez. Minha cabeça doía e minhas mãos começaram a suar. Já sentada não tinha como minhas pernas tremerem. Aconteceu. Nunca subestime seu corpo, ele vai falar por você.
- F... Faça. - hesitou - Por favor, você sabe , é o que eu mais quero.
Abri a blusa dela lentamente, uma faca estava no meio do sutiã, sendo comprimida pelo busto volumoso.
Retirei dali. Algumas marcas de cortes agora sim começaram a sangrar.
-Argh
Ela gemeu. Até que bem bonitinha quando estava com dor.
- Você vai me perdoar por isso?
- Vou. Eu juro. Faça rápido. Não precisa ser como...
- Shh... - Coloquei o dedo nos lábios dela.- Como você quiser.
Rasguei um pedaço da minha saia, quase me despindo.
Enrolei na boca dela com um nó forte o suficiente. Peguei umas cordinhas que encontrei no armário do laboratório e prendi os braços e pernas dela.
Dei um beijo no pedaço de pano apertado na boca dela.
Virei ela deitada para no chão.
Colocando a ponta da faca no meio do busto dela. E pronunciei:
-Was hat er.
A faca entrou facilmente e o sangue começou a sair em alguns cantos. Não olhei um segundo se quer para o rosto dela depois disso.
Coloquei o corpo no armário. Limpei a faca e a levei para casa, “um novo utensílio para minha coleção.”
Você pode não entender, cada morte ocorrida foi um pedido que eles me fizeram, estavam infelizes e tristes por terem uma vida falsa e cruel.Entre esses outros, ela foi a única que eu amei, estavamos em crise quando ela me pediu isso. E quando me fazem esse pedido eu nunca nego. Se um dia precisarem, estou ao dispor mestres. * sorriso malicioso*