Mitsuky Leggionners
Mensagens : 137 Palhetas : 43 Data de inscrição : 17/09/2010 Idade : 27 Localização : Armario hihi *
| Assunto: Fic ;) Dom Nov 21, 2010 11:18 pm | |
| Resolvi postar aqui, na verdade não é uma história muito longa. Tá não é longa, só que a menina escreve muito bem. Achei em um blog ! Logo posto + histórias dela (s) { ela tem uma irmã hihi } - Spoiler:
Alle e suas paixões (não tão) platônicas Você está andando estranhamente contente pela sua escola. A Hell’s High. Você se olha no espelho, apoiando as mãos no balcão de mármore da pia e pisca. Seu cabelo está bem mais bonito desde que você começou a substituir a escova por um pente de madeira. Ele cai liso com leves cachos na ponta. Seu casaco preto com decote em V faz um contraste interessante com sua calça jeans um pouco mais clara. Aquela calça que te deixa com a bunda maravilhosa. Você nota que nem aquele espelho que deixa todo mundo gordo conseguiu aumentar suas formas.
Você termina de lavar as mãos com bastante sabão, o que virou um vício diga não á gripe suína, e sai do banheiro avisando para sua amiga que vai esperá-la do lado de fora. Enquanto, distraída, você enche sua garrafinha de água natureza despreza copos de plástico você escuta a porta que separa o corredor da secretaria se abrir e quem levanta a cabeça para você com um sorriso radiante é o Prof. McSexy. Aquele professor maravilhoso por dentro e por fora. Ele se aproxima de você a passos largos te cumprimentando. Sentindo que suas chances de ter um ataque cardíaco aumentaram devia ser proibida pelo ministério da saúde tanta beleza numa só pessoa você sorri e o cumprimenta fracamente. Ele pergunta se um outro professor ainda está na escola. Você vira a cabeça para apontar onde está o tal, mas as palavras lhe faltam quando McSexy agarra com aquela mão grande e quente o seu cotovelo, te trazendo pra perto e tcharam... te beija na cabeça. Aqueles lábios quentes pressionando demoradamente o seu cabelo.
Suas palavras falham vergonhosamente mas ele parece entender e sai na direção do tal professor. Quando ele some de vista seu sorriso falso morre e você corre de volta para o banheiro. Sua amiga sai do boxe e comenta que seu cabelo está cheiroso.
Tem ocasiões que as coisas simplesmente dão certo. Uma boa semana pra vocês!
Eu sei que eu já ganhei a minha.
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Mitsuky Leggionners
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| Assunto: Re: Fic ;) Sáb Nov 27, 2010 11:54 pm | |
| E no fundo do fundo, ela tem toda razão. - Spoiler:
No fundo, acho que minha mãe sempre sabe quando estou mentindo.
Enquanto apertava o interfone do portão milhões de vezes para que o porteiro acordasse e me deixasse entrar, respirava aquele ar da madrugada calmamente. O ar entrava em golfadas de perfume Nina Ricci e de clorofila nas minhas narinas. Meti a chave com cuidado na porta de casa. Deitada no sofá, uma figura pequena envolta em um robe cereja Victoria’s Secret contrastando com seu cabelo cor de mel, me fitou. Sua idade era dedurada pelos olhos sábios mesmo que seu corpo se recusasse terminantemente a envelhecer. Me aproximei e, de forma automática e natural, deitei minha cabeça naquelas pernas pequenas.
Eu sei que como uma boa adolescente alcolizada eu devia ter corrido para o banheiro para tentar apagar os indícios de bebida, mas, naquele momento, tudo o que me importava era buscar conforto nos braços daquela mulher que, eu sei bem, é o retrato do que serei daqui a algumas décadas.
Já passamos por tanta coisa juntas. Nossas vidas já deram tantas reviravoltas que as vezes eu paro e tento lembrar quais foram as ocasiões que me trouxeram para onde eu estou agora. Ela me irrita, não concordo com as idéias dela, espero sair logo de casa, reclamo dela para minhas amigas... mas ainda sim é a pessoa que eu mais amo nesse mundo. Viver sem minha mãe seria como viver sem uma parte do meu corpo.
Ela me pergunta sobre a noite e eu conto uma versão filtrada. Ela pergunta se eu bebi e eu minto. Eu conto o que acho seguro contar, sentindo que realmente estou ficando mais sóbria, apenas um enjôo que passaria logo.
Ela veio de uma cidade pequena, de uma família grande e conservadora. Casou com 20 anos e só chegou a realmente amadurecer no seu segundo marido.
Eu cresci numa família pequena e em diferentes cidades, exposta a temas e situações muito pesadas para uma criança. Minha adolescência foi marcada por uma ascenção social rápida que acabou me expondo a mais tentações do que o normal. Meu leite foi substituído por café puro. Minha coca-cola por um apple martini. Meus all star por scarpins desconfortáveis. Minha religião por uma filosofia mais aberta e permissiva.
Minha mãe continuou lá. Com seus valores intocados e sua mente formada. Como se enquanto eu estivesse sendo levada pela maré, uma parede de concreto surgisse no meio do mar, impedindo meu corpo de ir muito longe. A água me esmaga contra aquela parede, e, cheia de dor, eu imploro para que esse concreto suma, mesmo sabendo que é tudo o que me impede de me afogar.
Ela olha perdidamente para o teclado empoeirado no meio da sala. O mesmo que eu insisti para ter por tanto tempo e ficou intocado por ser meu ano de vestibular.
Pendurei meus sapatos em um dedo e fui andando para o banheiro, sentindo-me tonta e tola. Ela continuava olhando tristemente para o teclado.
Deixei os sapatos caírem com um estrondo no chão e fitei o teclado por 3 segundos antes de dar meia volta e caminhar até ele.
Minhas mãos roçaram pelas teclas brancas sentindo o pó acumulando-se nos meus dedos. Mamãe me olhava atentamente. Fechou os olhos quando comecei a tocar “O Bife”. Tocar é como andar de bicicleta. Por essa eu não esperava.
Fiquei olhando para minhas unhas azuis contrastando com as teclas e minhas roupas indo contra a música clássica. Quando a espiei pelo espelho, ela estava de olhos fechados, curtindo a melodia. Ela sempre quis tocar, mas em sua vida nunca achou oportunidade ou tempo. Eu sempre quis tocar, e como quase tudo na vida envolvendo bens materiais, me foi entregue de bandeja a oportunidade. Ela parecia feliz com aquela pequena injustiça da vida, então eu não ousaria reclamar.
Meu estilo de vida pode ser diferente do que ela desejou pra mim, minhas escolhas e pensamentos podem ser o contrário do que ela um dia planejou e sonhou para sua caçula, minha visão fria e dura não era o que ela esperava de sua doce e pequena Alle que via o mundo por trás de um prisma de perfeição.
Ela pode me irritar com tantos moralismos fortes, pode me irritar por me pressionar tanto a ser uma boa pessoa, pode me irritar por me achar fraca, pode me irritar por achar que poderá me controlar pro resto da minha vida.
Mas enquanto eu tiver dedos, vou tocar piano para ela. E enquanto ela tiver braços, vai me envolver com eles. E enquanto eu tiver um coração, ele vai ter o rosto dela.
Minha mãe. Minha melhor amiga. Minha alma.
-Alle Mesmo com erros e acertos, ela é única. | |
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